segunda-feira, 28 de setembro de 2009

O sensacionalismo estampado na capa



Você consegue perceber a diferença entre a capa desses dois jornais?

Nos estudos de comunicação o primeiro deles, o jornal O Globo, é considerado um veículo de estilo referencial, voltado para um público de classe média a alta e mais "intelectualizado". O segundo, o jornal Meia Hora de Notícias, é classificado como uma mídia de estilo popularesco e o público alvo são as camadas populares da sociedade.

Essa diferença de estilos determina diferenças também na composição dos textos, na seleção de imagens e conteúdos.

Sabendo disso, percebe-se que a escolha das imagens e títulos na capa não são aleatórios.

O curso de Comunicação Social - Jornalismo da UFV realiza pesquisas que analisam a estratégia de interação simbólica adotada pelas mídias de caráter popularesco.

Os trabalhos se iniciaram em 2007, com a monografia de conclusão de Curso da aluna Priscila Almeida sobre o jornal carioca “Meia Hora de Notícias”, orientada pelo professor Ricardo Duarte.

No ano seguinte, o professor Ricardo, junto com os estudantes Camila Caetano e Murilo Alves e o professor Joaquim Lannes, desenvolveram a pesquisa A estratégia das imagens e dos títulos nas capas do tablóide Meia Hora de Notícias do Rio de Janeiro – o jogo dos valores instituídos.
O estudo avalia a forma de interação simbólica utilizada nas capas desse jornal na tentativa de criar afinidade e identidade com o público leitor.

Assim como na maioria dos jornais desse estilo, o Meia Hora baseia-se principalmente na tríade temática “sexo – futebol –violência”. Esse três temas estão sempre presentes na capa do jornal, variando o espaço e conseqüentemente o destaque dado a cada um deles no dia. O sexo é abordado por meio de uma exploração do corpo feminino: são utilizadas fotografias de mulheres nuas ou seminuas, podendo ser personalidades da TV ou personagens do contexto cotidiano das comunidades. O futebol é apresentado a partir da rivalidade dos times, usando frases irônicas e trocadilhos. Já a violência é tratada de forma irônica e bastante espetaculosa. A esse jogo de valores, o grupo chamou de uma peculiar narrativa da capa.

Característica peculiar do Meia Hora é o apelo a banalidade. Assuntos de pouca relevância ou"bizarros" ganham um espaço extraordinário. Fatos escandalosos que envolvam celebridades também são os preferidos do jornal. Mas os pesquisadores ressaltam que os sujeitos da comunicação não são apenas as celebridades. Personagens da periferia por vezes também ganham espaço na capa.

Os valores apresentados nas narrativas de capa do Meia Hora têm forte correlação com valores também inscritos na cotidiano das classes populares brasileiras. Assim, o discurso machista relacionado à mulher é percebido na super valorização do corpo feminino, com um apelo sexual. O futebol, paixão nacional, desperta rivalidades entre as torcidas adversárias, como o jornal faz questão de enfatizar. E a violência recebe um tom de indignação, numa tentativa de solidariedade e identificação com o sentimento que move as pessoas frente a essas notícias.

É interessante destacar um trecho do artigo que faz uma analogia interessante com o ser humano para explicar a estratégia de interação adotada pelo jornal:

“O jornal apresenta-se, no conjunto de seus valores simbólicos, como um ‘estranho’ na tentativa de se socializar, se relacionar melhor, formar grupos de amizades, sem sofrer grandes repulsas. Assim, cremos que o jornal, através da capa, utiliza estratégias de interações simbólicas na formação de seu público e de sua imagem. Igualmente, também temos o jornal procurando se identificar com elementos do jeito de ser dos sujeitos da cultura. Uma forma de querer pertencer a círculos de amizades. Se para a sobrevivência de sujeitos em uma cultura estranha é vital fazer e cultivar amizades, assim também o é para os veículos de comunicação.”

Assim se constrói a relação do jornal com seu público e com os seus objetos de comunicação. E a estratégia parece ter conseguido bons resultados. Exemplo disso é a manifestação dos leitores nos sites de relacionamento, como a comunidade do Orkut Amo as manchetes do Meia Hora e o twitter @meiahora.

E você que estilo de jornalismo prefere? Dê sua opinião comentando este post.


domingo, 27 de setembro de 2009

Discurso e Literatura encerram o III Emad

Depois de dois dias de palestras, wokshops e debates, o III Emad teve como última atividade a mesa redonda sobre Discurso e Literatura. O debate analisou elementos que fazem parte de uma determinada formação discursiva e que se manifestam em obras literárias, e reuniu três especialistas na área: o Prof. Dr. Cássio E. Soares Miranda, do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais (UNILESTE-MG), a Profª. Dra. Emília Mendes Lopes, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o Prof. Dr. João Bôsco Cabral dos Santos, da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Cada um dos integrantes da mesa abordou um autor em específico, abrindo posteriormente o tema à discussão.

Os três nomes da literatura apresentados no debate se relacionam justamente pelo posicionamento deles em relação à vida e à sociedade: uma posição questionadora, de inquietação quanto aos acontecimentos do dia-a-dia. Muitas vezes considerados escritores malditos, justamente pelos temas “mal vistos” de suas obras, os autores fogem a regra das obras literárias consideradas modelo, como as de estilo frânces.

Cássio Miranda falou da subversão dos contos de fadas feita por Hilda Hilst, os quais a escritora parodiava e introduzia elementos do discurso erótico e pornográfico. O professor analisou essas paródias, com a finalidade de apresentar os elementos da vida social presentes na obra da autora. Com certa semelhança ao tema tratado na obra de Hilda Hilst, o erotismo, Emília Lopes abordou e analisou a imagem passada por um dos heterônimos de Fernando Pessoa, Álvaro de Campos, que também escreveu poemas considerados “picantes” para o mundo literário. O pai do conto de terror e policial, o escritor estadunidense Edgar Allan Poe foi apresentado a partir de seus poemas e contos mais serenos, sem a carga dramática e trágica característica de suas obras. João Bosco dos Santos, que considera o escritor um “homem a frente de seu tempo”, falou da dificuldade de concordância de opiniões quando se trata do discurso literário:

“Sempre que falamos de emoção, que para nós da análise do discurso são os efeitos de patemia, sempre há controvérsias. Como é um elemento que pertence a ordem da subjetividade, cada pessoa tem uma leitura diferenciada sobre as obras."

Com o fim da mesa redonda, o III Emad foi se despedindo de Viçosa deixando uma visão positiva aos participantes do evento, que apreciaram os dois dias de atividades intensas no Campus Universitário.

"Eu achei bem interessante, pois veio complementar muitas coisas que nós às vezes temos dúvidas. Foi muito rico em termos de conteúdo,os wokshops foram bem interessantes também... e é isso, eu gostei muito mesmo!"

Paula Roberta Bonfim Amorim – 2º período de Letras – UFV

"Eu gostei bastante...na verdade, teoricamente, eu não sou da análise do discurso, eu sou da linguística aplicada, mas são duas áreas bastante próximas. Então acho que foi muito válido, no sentido de ver em que momento essas duas áreas se aproximam, e eu pude perceber como elas realmente são áreas que falam uma a outra, e por outro lado, ver em que momento a minha posição não é a mesma da que eles adotam. Então se eu não concordava com alguma coisa que ao palestrante ou os apresentadores de trabalho diziam, procurava pensar onde eu me inseria, qual era meu posicionamento se não era aquele. Além disso, foi oportunidade de ver coisa nova, coisa diferente, ainda mais que sou estudante de mestrado e acabo focando em uma área específica... então eventos como este ajudam a acompanhar o que está sendo discutido, o que há de novo."

Tiago Pellim – Estudante de mestrado em Linguística Aplicada – UFRJ

E o sobreHumanas também se despede desse evento com um gostinho de “quero mais”:
quero mais pesquisa, quero mais ciência, quero mais Humanas sendo discutida dentro e fora das universidades. Vamos continuar divulgando as pesquisas e trabalhos das Ciências Humanas da UFV, com objetivo de levar a você o que há de novo, como disse o Tiago!

sábado, 26 de setembro de 2009

Os discursos e as representações sociais


Falar de pessoas comuns, analisar o “povo”, discutir as representações sociais. Foi este o tema da mesa redonda realizada nesta-feira, no III EMAD.

A primeira palestrante, Prof. Dra. Dylia Lyzardo-Dias, da UFSJ, propôs uma reflexão sobre as representações na sua relação com a construção e gerenciamento do ethos. Para tanto, foi analisada a coluna Obituário, do Jornal Folha de São Paulo. Segundo a professora, há uma tendência atual no jornalismo e na literatura para “dar voz ao povo”.

Seguiu-se a apresentação da Prof. Dra Maria Carmen Aires Gomes, da UFV, que teve como pesquisa “Das relações ideológicas e éticas uma análise discursiva crítica do gênero Edital (arquivo em .pdf) da Guarda Municipal – RJ”. Segundo a pesquisadora, os editais possuem uma forma de ação e interação específicas, mas não deixam de ser normas com construções textuais que utilizam verbos no infinitivo e que buscam formar o indivíduo sem comprometer a instituição. No caso do edital da Guarda Militar – RJ existe uma exclusão de certa parte da população, quando este considera obesos, magérrimos, que possuam cicatrizes ou que tenham uma arcada dentária com menos de 20 dentes inaptos à participarem do edital.

Por fim, a Prof. Dra. Sônia Pimenta, da UFMG, sob o título “A construção semiótica da masculinidade na modernidade”, cujo objetivo é revelar os discursos sobre masculinidade e as mudanças que estão ocorrendo na construção identitária do homem. O corpus de análise foi composto por uma capa da Revista Veja e partes do artigo referente ao assunto anunciado na capa intitulado “O Novo Homem”. Com citações de autores como Butler e Giddens, a pesquisadora analisou os textos enfocando a Multimodalidade e a Linguística Sistêmico-Funcional. Concluiu dizendo que vem surgindo um novo homem, com mudanças físicas e psicológicas.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

O atual cenário político brasileiro e seu discurso




O que as imagens acima sugerem a vocês? Qual o significado delas? Vocês acham que o sentido  atribuído por nós, enquanto brasileiros, íntimos do presidente Lula e de sua trajetória política e frutos de uma sociedade miscigenada, seria o mesmo em outro contexto, na África ou na Ásia, por exemplo? Certamente, não.

Foi a partir dessa discussão acerca dos signos linguísticos no discurso político, que o profº drº Antônio Luiz Assunção, da Universidade Federal São João Del Rei, iniciou a mesa-redonda Discurso e política, nesta sexta-feira, no III Emad. Fundamentando-se nas teorias de Bakhtin, Sausurre e Van Dijk, discursou acerca do atual cenário político brasileiro e destacou a importância da análise do discurso político.

Em seguida, os presentes conheceram Um novo estatuto para o discurso político, segundo o próprio palestrante, o profº drº Hugo Mari, da PUC- MG, esse tema é menos uma afirmação do que um questionamento. De acordo, com o professor, Charaudeau em seu livro O discurso politico, coloca alguns motivos para a falência dos discursos políticos no mundo, entre eles estão o desencanto da mídia com a prática política e o desinteresse da população por debates. Para ilustrar tal desinteresse, Hugo citou uma pesquisa realizada pela Rádio Itatiaia de Belo Horizonte, na qual constatou que cerca de 90% dos entrevistados não tinha ouvido o debate que ocorrera no dia anterior à pesquisa. E para, quem sabe, justificar o desistímulo da população, citou os últimos (são tantos...) acontecimentos no palco político brasileiro, como a "renúncia irrevogável"  do senador Aloísio Mercadante (PT-SP) e o caso Sarney.

Por último, o profº dr° Paulo Henrique Aguiar Mendes , da PUC-MG, discursou mais delhadamente sobre o que é o discurso político e citando Charaudeau, definou discurso político como o "campo discursivo em que se estabelecem relações privilegiadas entre linguagem, ação e poder." Ainda segundo Charaudeau, o DP tem dois espaços: o espaço da discussão, do dizer político e o espaço da decisão, do fazer político e três instâncias: a politíca, a cidadã e a midiática. (resenha do livro O discurso político/pdf)

Fique por dentro da Política do nosso país:

Workshops são realizados durante o Emad

Além de tantos trabalhos e pesquisas apresentados durante o III Emad, o evento também contou com a realização de workshops durante a noite de ontem.

Cinco temáticas foram oferecidas:

Multimodalidade - Professora Célia Magalhães - UFMG

Teorias da Argumentação e aplicações na Análise do discurso- Wander Emadiato - UFMG

Prática discursivas em crítica literária - João Cabral dos Santos - UFU

Gêneros Discursivos, ensino, mídia inter-relações necessárias da pós -modernidade - Alex Caldas Simões - UFV

O conceito de identidade em análise do discurso da psicanálise: Aspectos teóricos e práticos - Eduardo Soares Miranda - Unileste- MG.

Alguns dos participantes partilharam suas opiniões sobre os workshops:
"A oficina que participei tratou da utilização das tirinhas veiculadas pela mídia , em sala de aula. Gostei bastante, principalmente da abordagem feita sobre a análise destas tirinhas. Bastante diferente e interessante."
(Fernanada Moreira Mestrado em letras/PUC>

A representação e a formação de identidades no discurso pelo viés da psicanálise é o que foi discutido na oficina que participei. Achei muito interessante como o professor argumentou a descontrução de identidades que já estão encrustadas em nosso imaginário, como de uma mulher latino-americana, um drogado , um prostituta e etc... Uma verdadeira tempestadade de idéias, estou adorando!"
(Amanda Borges -Estudante de Letras/UFV)

"Na oficina que participo estamos discutindo a abordagem histórica da análise do discurso, partindo da retórica e da Lógica até a abordagem discursiva, problematizando o logos, pathos e ethos."
(Guilherme - Membro da organização do Emad)

EMAD discute argumentação do discurso

Discurso e argumentação foi o tema da segunda mesa redonda do dia. As discussões partiram do pressuposto de que em todo discurso argumentativo existe um sujeito que desenvolve o argumento e outro que é o alvo dele.

A discussão começou com a apresentação da profª dr. do departamento de letras da UFV, Mônica Melo com uma abordagem sobre a emoção e a razão no discurso religioso. Seu objeto de análise foi o programa Direção Espiritual transmitido pela Tv Canção Nova e apresentado pelo Padre Fábio de Melo.

O objetivo principal de uma argumentação é estimular a atenção dos interlocutores. Estratégias são desenvolvidas de acordo esta intenção. No caso do programa Direção Espiritual a argumentação é ancorada no ethos institucional da Igreja Católica. A figura do sacerdote que aconselha seus fiéis - baseado muitas vezes em argumentos já desenvolvidos por ele em outros momentos, como livros e canções - legitimam e trazem credibilidade ao discurso. A razão e a emoção são aqui utilizadas como elementos persuasivos no discurso proferido pelo padre, com maior apelo para a razão.

O professor Wander Emediato da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) foi o segundo a fazer a explanação. Com o tema Argumentação e Problematização, Wander abordou as proposições implícitas que devem ser consideradas para a compreensão do discurso. O locutor prevê um resultado quando expõe seu enunciado, mas essa interpretação recebe influências externas que serão importantes para o entendimento.

O lugar social dos posicionamentos e o lugar social das situações influenciam interpretação. Para ser mais claro daremos um exemplo. Ao receber uma multa por infração de transito, sua reação geralmente é de indignação, afinal ninguém recebe uma multa sem questionar se deveria mesmo recebê-la, mesmo que tenha sido aplicada de forma correta. Mas se a multa for aplicada a outra pessoa, principalmente se esta cometeu uma infração de transito contra você, ela será considerada mais que merecida. Percebam que neste caso sua situação é diferente e por isso a diferença de interpretação.

William Menezes, professor da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) fechou o debate com a exposição do trabalho Argumentação no discurso, estratégias identitárias e manipulações da memória.

A discussão se organizou a partir de três questionamentos propostos pelo congressista:

Como caracterizar a argumentação no discurso?
Como essa se relaciona às estratégias de constituição identitária?
Como a argumentação no discurso pode contribuir na reflexões sobre as manipulações da memória?

Para exemplificação, o professor usou fragmentos do discurso cientifico, político e da mídia impressa.

Amanhã novas mesas redondads vão acontecer:
10h30min: Discurso e Política
14h: Discurso e representações sociais
19h: Discurso e Literatura.

Quer saber mais sobre o III EMAD acompanhe o sobreHumanas e siga-nos no twitter @sobrehumanas.


quinta-feira, 24 de setembro de 2009

E continua o III Emad - confira as últimas notícias!

Uma análise do discurso midiático sobre transgênicos, uma explanação da relação Globo versus Record e uma reflexão acerca da mídia, seu poder e suas teorias. Aonde encontrar tanta variedade e riqueza de conteúdos? Foi hoje, na mesa - redonda Discurso e práticas midiáticas, evento integrante do III Encontro Mineiro de Análise de Discurso, o Emad.

Diante de uma platéia composta por alunos de diversas áreas de conhecimento da UFV, professores dessa instituição e de tantas outras do país, a profª drª Cristiane Cataldi iniciou as dicussões. A professora palestrou acerca de sua pesquisa realizada na Espanha e complementada aqui no Brasil - A ciência na mídia: a divulgação debate sobre transgênicos. Essa pesquisa começou em Barcelona, nos anos de 1999 e 2000, na ocasião Cristiane analisou 248 textos sobre a temática transgênicos nos jornais El Pais e La Vanguarda. De volta ao Brasil, ela e sua orientanda de mestrado, Luciana da Silva Peixoto Perry, expandiram a pesquisa aos jornais brasileiros, O Globo, Folha de São Paulo e Zero Hora.


Segundo a professora, essa pesquisa trouxe grandes novidades ao campo do discurso científico, que apresenta dois propósitos: o de informar o público-leitor e também persuadí-lo acerca dos benefícios ou riscos de determinado produto, nesse caso, os transgênicos. Citando Van Dijk, Cristiane encerrou sua apresentação : "O Discurso é a prática social mais importante da inter(ação) humana."

O segundo palestrante, o profº drº Cláudio Marcio de Carmo, da Universidade Federal São João Del Rei, discursou Sobre a relação do discurso e práticas midiáticas: uma relação sobre metódo e teoria. Citando diversas teorias da comunicação, fundamentando-se no conhecido autor no campo da Linguística e Comunicação, Mauro Wolf, Claúdio expôs a relação (de poder? persuassão? manipulação? informação? sedução?) da mídia e seu público. Nas palavras do pesquisador, ele não veio dar respostas, mas questionar o que já existe e a partir disso, quem sabe, propocionar diálogos e questionamentos mais aprofundados que nos tragam respostas legítimas.

Fechando a mesa-redonda, Renato de Mello, da Universidade Federal de Minas Gerais, trouxe aos participantes do Encontro a tão conhecida rivalidade entre a TV Globo e a Rede Record, no seu artigo O Ethos da Mídia e a Mídia do Ethos: Rede GloboX  Rede Record
 Renato,  a partir de uma apresentação dinâmica ilustrou essa "guerra" midiática entre as duas emissoras com vídeos, notícias veiculadas sobre o assunto e comentários de telespectadores. Confira nos links abaixo um pouco dos bastidores dessa  competição, que parece não ter um fim iminente.




E começa o III Emad na UFV



Hoje, ás 10 horas da manhã o III Emad foi aberto em cerimônia no auditório do Departamento de Engenharia Florestal da UFV. Com a temática “Práticas discursivas: Construindo Identidades na diversidade e na adversisidade” a terceira edição do evento busca dar efênse ao diálogo entre diversos referenciais teóricos metodológicos utilizados nas análises das práticas discursivas .


Na continuidade do evento , as professoras Ida Lúcia Machado e Célia Magalhães, apresentaram conferências sobre “ Práticas discursivas construindo identidades da diversidade,” e Racismo Visual na identidade multicultural britânica em anúncio do Emma AWARDS (2003/2004), respectivamente.

Na primeira, a conferencista apresentou uma análise semiolinguística sobre o sujeito “Lula”. Para isso a autora utilizou como embasamento teórico Charaudeau e Amossy. O estudo se pauta na utilização da narrativa de vida do presidente Lula em seus discursos e entrevistas na construção de um “ETHOS” que oscila entre sujeito individuais e coletivos como estratégia discursiva para “cair nas graças do povo”.


Já na segunda conferência, o estudo foi feito sobre o racismo visual em um evento comunicativo. A pesquisa contou com a análise da representação visual dos atores sociais. A partir daí pode-se notar a utilização de estratégias de objetificação na representação do negro africano como elemento da cultura multicutural britânica.
E o evento não para por aí....
Continue acompanhando com a gente!

É hoje...

Começa hoje o III Encontro Mineiro de Análise de Discurso, Emad. O sobreHumanas conversou com uma das organizadoras do evento, a Profª Drª Monica Melo, que forneceu mais informações sobre a importância do encontro na UFV.

O que o participante do III Emad vai encontrar no evento?

O Emad congrega os principais pesquisadores da análise de discurso em Minas Gerais, portanto, o evento contará com palestras, workshops, mesas-redondas e apresentação de pôsteres.

O evento está na sua terceira edição. Por que Viçosa foi escolhida para cediá-lo?

As duas primeiras edições do evento foram realizadas em Belo Horizonte e Mariana, e como é intinerante, Viçosa foi escolhida desta vez, por possuir professores veinculadas ao AMPADIS e um núcleo de pesquisas importante na área.

Em linhas gerais, o que é análise de discurso?

É uma área da linguística que considera uma perspectiva social(condições de produção de discursos)na análise de variados discursos, como midiáticos, religiosos e didáticos. Essas condições de produção de discurso, como o contexto, as estruturas textuais são analisadas de acordo com diferentes linhas teóricas. É exatamente essa discussão que o congresso propõe, possibilitando um estudo interdisciplinar que engloba não apenas estudantes de Letras, mas também de Comunicação Social, Dança, Filosofia, Sociologia, entre outros.

O que esse congresso acrescenta para o estudo das Ciências Humanas na UFV?

O Emad é um evento de peso, de abrangência regional. Ele evidencia a produção de pesquisas na área humana dentro da UFV e ainda aponta um sinal positivo para o curso de Letras e o seu programa de pós-graduação, que promovem esta edição do evento.

A cobertura completa do evento, você acompanha aqui.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

III Encontro Mineiro da Análise de Discurso - EMAD

Milton Chamarelli Filho - Professor do Curso de Letras - UFAC



Nesta quinta e sexta, dias 24 e 25, a UFV recepcionará o III Encontro Mineiro de Análise de Discurso. O evento é promovido pela AMPADIS – Associação Mineira dos Pesquisadores em Análise de Discurso.  
É a primeira vez que o Encontro é realizado na UFV. O I Emad foi realizado na Universidade Federal de Minas Gerais, em 2005, e o II Encontro foi sediado no Instituto de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Federal de Ouro Preto, em 2007.  
O Encontro, segundo o site do evento, tem como objetivo essencial “proporcionar a integração entre os pesquisadores da área de Análise do Discurso, assim como a divulgação, discussão e reflexão crítica das pesquisas produzidas nessa área.”
Pesquisadores e professores da área de diversas universidades de Minas Gerais - Puc Minas, UFMG, UFOP, Universidade Federal de Uberlândia, Universidade Federal de São João Del Rei e Centro Universitário do Leste de Minas - estarão presentes para acompanhar a programação do evento, que contará com mesas redondas, workshops e apresentação de pôsteres.
Você vai acompanhar conosco, aqui no sobreHumanas, a cobertura completa desse encontro! Fique atento!
Leituras sobre o assunto:

Movimento e ritmo para pequeninos

A dança é arte do movimento. Gestos, passos e sentimentos são transformados em expressões corporais.

Na antiguidade, a dança esteve sempre presente em diversas culturas, sendo utilizada como manifestação artística, forma de culto aos deuses ou entretenimento. Cada sociedade desenvolveu, segundo seus traços culturais, um tipo de dança característica. Na Espanha temos o bolero, no Brasil o samba, na Itália a Tarantela.

Para a prática da dança não há restrições. Profissionais, amadores, idosos, adultos, crianças, homens ou mulheres podem praticá-la, cada um de acordo com as suas necessidades e limitações.

Diante desse universo de possibilidades, pela primeira vez o Departamento de Dança da UFV oferece um curso para crianças de 0 à 6 anos. A iniciativa é do Projeto de Extensão Corpo e Movimento, que reúne professores e alunos do curso de Dança. Por meio de práticas lúdicas as crianças terão contato com o universo da dança, recebendo aulas dinâmicas que proporcionarão o ensino de itens básicos, que gradativamente se tornarão mais complexos.

Segundo a coordenadora do curso, Solange Caldeira, a criança vai adquirir noções de lateralidade, integração e socialização, de forma natural e agradável. Nada de rigidez para os pequeninos, tudo será passado através de brincadeiras.

Afinal, o objetivo é que a criançada goste das aulas e queira continuar dançando...

Mas se você está se perguntando o quê um post sobre um curso prático, direcionado por integrantes de um projeto de extensão, está fazendo em um blog de Divulgação Científica, aí vai a resposta: muitos destes integrantes participam de grupos de pesquisa, com estudos sobre os mais variados temas no campo da Dança.

A própria Solange Caldeira, que está a frente do curso de dança para crianças pesquisa diversos assuntos, e busca na teoria o suporte necessário para a prática. Ela lidera o grupo de Estudos Integrados em Dança, Teatro e Dança-Teatro, além de participar de outros grupos semelhantes e orientar alunos em pesquisas acadêmicas.

Para aqueles intelectuais, que tendem a ver a “prática” com certa inferioridade, melhor reverem alguns conceitos. Aqui no sobreHumanas, pesquisa se expande à prática e a prática se sustenta na pesquisa. Esse é o exemplo do Curso de Dança da UFV.

Foto retirada de robertofranca.wordpress.com


segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Inovação no Processo Civil Brasileiro é proposta por pesquisa do Departamento de Direito

"Lara é sócia da Empresa sobreHumanas. Nízea, Roselly, Daniela, Michelly e Lorena também são sócias desta empresa. Na última reunião Nízea propôs o aumento do número de sócios da empresa, mas Lara não concordou com a decisão. Logo, ela entrou com um processo contra a Nízea alegando que os requisitos previstos no Estatuto não foram cumpridos.

Lara ganhou a ação. Novos sócios não serão aceitos. O processo foi movido contra apenas uma das sócias, não levando em consideração o posicionamento das outras sócias quanto à questão. Sendo assim, elas também serão afetadas pela decisão?"
Quem responde à esta pergunta é a estudante do oitavo período de Direito da UFV, Polyana de Jesus de Souza, em seu projeto de Iniciação Científica “Coisa Julgada Material e Intervenção de Terceiros: Os Limites Subjetivos da Coisa Julgada e Seus Reflexos na Esfera Jurídica de Terceiros”, sob orientação dos professores do Departamento de Direito, Silvia Machado Vendramini e Gláucio Inácio da Silveira.

Considerando o processo movido de Lara contra Nízea (“partes”), as demais sócias são “terceiros”. O trabalho discute se a sentença judicial pronta para gerar efeito entre as partes podem ou não atingir "terceiros", ou seja, um pessoa estranha ao processo mas que tenha relação direta com o objeto.

Nestes casos a Lei não prevê sentença, daí o ineditismo da pesquisa. Esta foi embasada nas obras do Prof. José Carlos Barbosa Moreira, que é considerado referência nos estudos do Processo Civil Brasileiro (confira em .pdf) , além de outras literaturas nacionais e internacionais e da Jurisprudência.

A pesquisa, que contou com bolsa do CNPq, iniciou-se em agosto de 2008 e foi concluída no último mês. O resultado obtido é que: se o terceiro não participou do processo (como no caso acima), ele não será atingido pela decisão, podendo recorrer das vias de defesa adequadas. No entanto, em atenção à Segurança Jurídica, atendeu-se pela necessidade de inovação no ordenamento jurídico, impondo intimação de todos os interessados no caso.

O trabalho completo você pode conferir no Simpósio de Iniciação Científica – SIC – que acontecerá entre os dias 21 e 24 de outubro de 2009, na UFV.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Afinal... O que é ciência Humana?

Sérgio Hermínio Brommonschenkelo – diretor do Centro de Ciências Agrárias da UFV
“A ciência é a expansão do conhecimento.”

Walmer Faroni – diretor do Centro de Ciências Humanas da UFV
”A ciência é um estudo aprofundado a cerca de algum objeto.”

Antônio Simões Silva - diretor do Centro de Ciências Exatas da UFV
“A ciência é um conhecimento sistematizado.”


Palavra de origem latina, ciência significa conhecimento e surgiu no mundo quando as explicações religiosas e místicas já não eram suficientes para o homem. Foi a necessidade Humana de entender seu próprio mundo que criou a ciência. Entendida assim, a ciência é a oficina do desassossego. O motor científico é a curiosidade.

Em uma busca rápida pelo Google, as definições de ciência que encontramos apresentam termos como razão, método científico, empirismo, verdade.

Ela pode ser definida como um processo pelo qual o homem se relaciona com a natureza visando à dominação dela em seu próprio benefício. Para isso é preciso classificar e controlar as variantes que cercam um objeto de estudo.

Mas será a ciência sempre tão quantificada, possível de ser controlada?

Daí a dificuldade de se definir e acreditar no método científico nas ciências Humanas. Afinal, se nosso objeto de estudo (o Homem e suas relações) está em constante mudança, como podemos classificá-lo e defini-lo com tanta exatidão?

Na realidade, a objetividade na ciência não é algo absoluto. A objetividade na ciência deve ser entendida como elementos que compartilham de um mesmo espaço de percepção e de comunicação, mas que se diferem do senso comum. O senso comum é formado por sentimentos e percepções do mundo, mas a ciência deve ser experimental. Assim, como afirmou Rubem Alves "a ciência é uma metamorfose do senso comum".

Entendamos a ciência como uma investigação racional, especializada em um objeto de estudo, às vezes aplicada outras vezes não, mas que a todo o momento tenta entender e explicar essa máquina complexa que é o Homem e tudo o que ele cria e transforma.

E para você, o que é ciência?


domingo, 6 de setembro de 2009

sobreHumanas


Um blog de DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA. Pesquisas sobre animais, raízes com nomes estranhos, antídotos, vacinas, bactérias e microorganismos.
Se for isto que você pretende encontrar por aqui, está no blog errado!

O blog sobreHumanas tem como objetivo explorar as ciências humanas dentro da Universidade Federal de Viçosa, divulgando projetos e pesquisas científicas produzidos por estudantes dos cursos que fazem parte do Centro de Ciências Humanas (CCH).

Se existe ciência humana em Viçosa, interior de Minas Gerais? Sim, existe. Apesar de tradicionalmente vinculada aos cursos agrários, a UFV tem 14 cursos na área: Economia, Comunicação Social/ Jornalismo, Dança, Letras, Secretariado Executivo Trilíngue, Economia Doméstica, Educação Infantil, Direito, Pedagogia, Geografia, História, Ciências Sociais, Administração e Ciências Contábeis.

Além de causar estranhamento sua existência na UFV, a própria Ciência Humana é vista com diferença.

Quando pensamos em ciência já imaginamos que tudo começou com os estudos feitos por Copérnico, Galileu Galilei, entre outros, e que atualmente, se limita às ciências biológicas e a tecnologia em variadas áreas, não refletindo o que, de fato, é a ciência .

O dicionário Priberam da Língua Portuguesa define a ciência como um “Conjunto de conhecimentos fundados sobre princípios certos. Saber, instrução, conhecimentos vastos.” Enquanto o dicionário Aurélio a define como um “Conjunto organizado de conhecimentos relativos a certas categorias de fatos ou fenômenos. Conjunto de conhecimentos humanos a respeito da natureza, da sociedade e do pensamento, adquiridos através do desvendamento das leis objetivas que regem os fenômenos e sua explicação: o progresso da ciência.”

Não satisfeitas com as definições baseadas na necessidade de leis objetivas e certezas, como as descritas acima, refutamos o teor literal da palavra e consideramos a percepção prática e atual da ciência como uma grande discussão, com definições múltiplas e nada de consenso.
Se entender o que é a ciência já é complicado, a ciência Humana, nem se fala. Por isso, o Blog sobreHumanas abordará estudos sobre a sociedade, o ser humano dentro da mesma, os fatores históricos e geográficos, a política, as comunicações, a educação, a economia, as artes e assim por diante. Nem tudo pode ser explicado por quantidades e porcentagens, é a parte reflexiva e mais qualitativa da ciência da vida. As ciências Humanas.