sábado, 31 de outubro de 2009

"Ciências Sociais em Debate" - um evento para comunidade

Na próxima quarta-feira, dia 04, acontecerá a primeira sessão do evento "Ciências Sociais em Debate". O objetivo é propor mensalmente a dicussão e o debate sobre um tema atual da Ciência Social.

Para essa primeira etapa, professores da UFV, da Universidade de Brasília e da UFMG discursarão acerca de "Perspectivas Contemporâneas de Estudos de Gênero nas Ciências Sociais”.

O evento é organizado pelo Departamento de Ciências Sociais e o curso de Ciência sociais, e é aberto a toda comunidade!


 

Local: Auditório da Biblioteca Central da UFV
Horário: 16h15m às 18h15m

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Caligrafia Urbana!?




Nada disso. Não estamos falando de algum novo tipo de caligrafia, ou, para as mentes mais ferteis, letras nas cidades.

Você já parou para perceber o que está a sua volta?

Prédios, casas, lojas, estradas, pessoas, carros... No meio disso tudo, ou melhor, como parte de tudo isso, existem também as pichações.

Mas, antes que palavra “vandalismo” responda todas as suas questões
sobre o assunto, e preciso entender o que é, de fato, este fenômeno que toma as ruas, prédios e muros das cidades , principalmente, das grandes.

Em linhas gerais, a pichação tem como suporte a cidade, local onde o indivíduo se apropria do espaço urbano a partir de intervenções na arquitetura. Neste sentido, a subversão pode ser vista como uma de suas características principais, seja ela politizada ou não. Da perspectiva de alguns pichadores, esta forma de intervenção coloca em discussão padrões arquitetônicos e artísticos, e, sobretudo, o discurso da propriedade privada


Quem desenvolveu o estudo ''Caligrafia urbana: um estudo sobre a pichação de São Paulo como desvio social'', foi o estudante de história Rodrigo Amaro de Carvalho em pesquisa no departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de Viçosa, e com orientação do professor Douglas Mansur.

A pesquisa contou com a análise principal o discurso veiculado na grande imprensa acerca da pichação com ênfase nos debates sobre a criminalização da prática.

Por outro lado, o estudante também realizou algumas entrevistas com pichadores afim de a buscar os sentidos atribuídos a essa forma de intervenção, bem como às suas principais temáticas e características expressivas.




A abordagem centrada na contraposição de perspectivas e em torno das tensões provocadas pela prática da pichação dialoga com a literatura sócio-antropológica produzida para discutir as formas de desvio social.O referencial teórico utilizado se baseou nos estudos sobre interacionismo simbólico e, em particular, o trabalho de Howard Becker.

A idéia principal do trabalho é construir certo distanciamento analítico de uma abordagem tradicional do comportamento desviante, posicionando-se de forma crítica diante da idéia de patologia social.

A análise leva em consideração, simbolicamente, a pichação negando o nível do senso comum que remete a mesma à categoria de anomia social, preferindo interpretar o pichador não como aquele ator que está fora de sua cultura, mas sim como aquele que faz uma “leitura” diferenciada dos padrões e condutas estabelecidos pelos valores dominantes.


A conclusão das pesquisas constatou que o pichador, assim como qualquer outro indivíduo, nem sempre é desviante. Em determinadas áreas de comportamento atuará como qualquer cidadão “normal”.

De um modo geral, o trabalho pode entender o comportamento desviante como algo criado pela sociedade, pois não existem desviantes em si mesmos, mas uma relação entre atores (indivíduos, grupos) que acusam outros atores de estarem, consciente ou inconscientemente, quebrando limites de determinada situação sociocultural.

Assim, redirecionar a atenção para o estudo dos processos de rotulação, ao invés de se atentar para o foco no comportamento dos atores definidos como desviantes.

sábado, 24 de outubro de 2009

Ciência: a diferença entre o debate e a divulgação efetiva

O post deste sábado vai falar de um assunto bastante familiar a este blog: a Divulgação Científica.

E o que é divulgar ciência? É recontextualizar o conhecimento científico para o âmbito público, ou seja, tornar a informação científica compreensível para quem não é um cientista, aproximando esse conhecimento do seu cotidiano. Essa foi a definição usada pela professora do departamento de letras da UFV, Dra. Cristiane Cataldi, em sua pesquisa de doutorado. Os estudos feitos por ela na Espanha e no Brasil são o nosso tema de hoje.

Em 1999, Cataldi iniciou o seu doutorado na Universidade Pompeu Faba, em Barcelona, Espanha. O foco de seu trabalho foi a análise do discurso no jornalismo científico. Diferente do que trata o sobreHumanas, o tema de ciência escolhido por ela está ligado às ciências biológicas, mais especificamente, os alimentos transgênicos.

No período de 1999 a 2000, este assunto foi discutido na Europa e gerou muita polêmica. Logo a discussão também estaria presente no Brasil. Na Espanha, Cataldi analisou os jornais impressos El pais (em espanhol) e La Vanguardia (em espanhol). Ao terminar seu doutorado e retornar ao Brasil, nos anos de 2007 e 2008 ela iniciou esta mesma análise, juntamente com as bolsistas Leilane Morais de Oliveira e Luciene da Silva Dias, com os jornais impressos O Globo, Folha de São Paulo e Zero Hora. Com o resultado das duas pesquisas Cataldi realizou uma análise contrastiva dos jornais brasileiros com os veículos espanhóis. Os resultados, na maior parte das vezes, se repetiram.

Antes de analisar o discurso foi estudado o conteúdo, avaliando categorias de caráter identificativo e descritivo e outras de caráter lingüístico.

Os critérios jornalísticos para seleção de uma notícia também foram observados. Segundo Cataldi, não é toda informação sobre ciência que vai se tornar noticia. A informação ganha as páginas dos jornais quando há a repercussão nos âmbitos social, econômico, jurídico ou político.

Nesta fase veio a primeira surpresa. Apenas 5% dos textos analisados correspondiam à divulgação cientifica. Os outros 95% tratavam de assuntos econômicos, políticos, jurídicos entre outros. Para Cataldi, isso acontece, por conta do debate em torno do tema. O que se destacou no acontecimento foi a discussão gerada.

O interesse econômico também pode ser percebido como critério fundamental para a divulgação das notícias. Os alimentos transgênicos provenientes dos EUA entrariam na Europa via Espanha e Inglaterra, uma vez que os outros países se posicionavam contrariamente a comercialização destes gêneros. A Espanha seria economicamente favorecida com a legalização dos produtos.

Na análise discursiva, o objetivo era identificar as estratégias de divulgação presentes nestes jornais. Mas apenas uma estratégia foi identificada, a avaliação denominativa. Isto quer dizer, a forma como os jornais se referem aos transgênicos, como eles são chamados.

Os setores favoráveis trouxeram denominações positivas como organismos domesticados geneticamente, para os cientistas, e proteção contra insetos, para as empresas de biotecnologia. Organismos políticos se dividem de acordo com seu posicionamento, mas na maioria dos casos são favoráveis. Apenas os ecologistas são extremamente contrários aos transgênicos e usam termos negativos como monstruosidades dos produtos alterados, comida Frank Stein.

Outra análise interessante se refere ao desenvolvimento e volume dos conteúdos. La vanguardia somente noticiou, utilizando principalmente as notas, apenas para cumprir com a pauta jornalística, enquanto o El pais aprofundou o debate. No Brasil, o Jornal Zero hora teve a publicação mais expressiva, enquanto O Globo praticamente não noticiou.

A posição política ou econômica destes veículos pode explicar essas abordagens diferenciadas. O El pais é um veículo favorável ao governo espanhol, que defendia o uso da transgenia, e o Zero Hora é um veiculo do Rio Grande do Sul, região com grande quantidade de plantações de transgênicos.

Os resultados dessa pesquisa mostram a diversidade da produção jornalística com relação a ciência e evidenciam uma necessidade de rever o jornalismo científico praticado nos veículos impressos não especializados no assunto. Os preceitos da divulgação científica são deixados de lado para atender interesses que nem sempre correspondem ao que sociedade necessita e sem o cuidado devido na apuração e publicação.

“A sociedade precisa de informação de caráter científico e precisa de profissionais que analisem como essas informações estão sendo divulgadas, principalmente na mídia impressa. Fazer essas análises considerando a divulgação cientifica na mídia impressa é muito importante porque o conhecimento cientifico depende do respaldo e da confiança da sociedade para continuar sendo desenvolvidos. Se minimamente a sociedade não tomar conhecimento para se posicionar a favor ou contra o conhecimento cientifico, os cientistas não terão esse respaldo” (Cataldi)

Artigo completo

domingo, 18 de outubro de 2009

Vista da Casa Arthur Bernardes




A Praça Silviano Brandão é um dos locais mais movimentados de Viçosa. Lojas, bancos, igreja, supermercado, sorveterias, farmácias e... um museu! Museu? Sim, um museu. Muitas pessoas nascidas em Viçosa ou que estudam e moram aqui não sabem que nesta praça há um museu.


O museu retrata um pouco da vida e da trajetória de um célebre viçosense que se destacou nacionalmente, o presidente Arthur Bernardes. O local era utilizado por ele como casa de veraneio, após sua morte ficou em poder da família.

Em 4 de dezembro de 1959, a Lei Estadual nº 2.014 concedeu ao Governo de Minas Gerais autorização para criar o Museu Histórico da Cidade de Viçosa, sediado na casa que pertenceu ao ex-presidente. Mas o museu não foi criado porque o governo do estado não tomou as medidas necessárias. Em 1984, a Assembléia Legislativa de Minas Gerais aprovou dois projetos de iniciativa de autoria do Deputado Paulo Araújo. Um deles para solicitar que o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA) tombasse a residência de Bernardes. O outro seria para instalar no local o Museu Histórico de Viçosa, conforme a Lei nº 2014/59. Em 1988 o edifício e o terreno foram tomabados.

Em 1995, Fernando Henrique Cardoso declarou a casa de utilidade pública que passou a pertencer a UFV. Quando a universidade completou 70 anos a intenção era criar um Centro de Estudos Históricos e um Memorial, que juntos formariam a Casa Arthur Bernardes.

Todas estas informações presentes neste texto foram organizadas e compiladas graças a uma pesquisa do Departamento de História da UFV. O responsável pela pesquisa é o professor Jonas Marçal de Queiroz.

O objetivo do trabalho segundo Jonas, é resgatar a história de Arthur Bernardes e disponibilizá-la para que todos possam conhecê-la. Para isso, não há melhor local do que a casa onde ele residiu. "Quando assumi a coordenação do museu percebi que o acervo era substancioso. O problema é que esse material não tinha identificação. Os visitantes viam os objetos mas não tinham consciência do que eles representavam".

Na parte inicial do trabalho foi feito um levantamento de material, que foi identificado e organizado no espaço da Casa. A intenção é desenvolver material didático para professores e alunos de Viçosa e de outros lugares do país. "O trabalho está sendo feito no sentido de preparar o museu para que os visitantes possam compreender todas as informações em forma de objetos, fotos e documentos".

"O trabalho é lento e demorado mas os resultados são gratificantes. Como professor sou consciente da importância que tem um acervo para garantir que a história seja contada e preservada."

Para os interessados em visitar o museu, o horário de funcionamento de terça a sexta feira é das 9 da manhã às 5:30 da tarde, nos fins de semana o museu funciona das 8 da manhã às 11:30. Os telefones são 3899-2862 ou 3899-13-73.

Acesse também o site do museu www.lampeh.ufv.br/cab



terça-feira, 13 de outubro de 2009

Aprender dançando - pode ser melhor do que você imagina!

Antes de iniciar a minha dissertação acerca da pesquisa desta terça-feira, quero propor uma reflexão sobre a seguinte quantia: 15,5 milhões de pessoas.

O que esse número representa para vocês? Poderia ser apenas a população de Viçosa/MG multiplicada umas (pausa para o cálculo...) 221 vezes ou 174 Maracanãs lotados...


                                                                                         
Mas, para nós, brasileiros, esse número é uma vergonha - equivale a taxa de analfabetos do Brasil (censo 2000), cerca de 13% da população.

Para amenizar essa situação, diversos programas de afalbetização são oferecidos e desenvolvidos no país. Em Viçosa, existe o Nead - Núcleo de Educação de Adulto. E é exatamente nessa função de alfabetizar jovens e adultos, que a pesquisa da professora do curso de Dança da UFV, Evanize Kelli Siviero Romarco, se encaixa. Desenvolvida numa etapa inicial, no segundo semestre de 2007 e no primeiro semestre de 2008, a pesquisa propõe a utilização da dança e seus elementos como um elo, "uma ponte entre o vivenciar, o experimentar e adquirir conhecimento".

De acordo com estudiosos da Dança e Educação, o adulto analfabeto encontra-se numa situação discriminada de aprendizagem, uma vez que a insegurança, a timidez e  a baixa auto-estima não permitem a plena criação de conhecimento. Dessa forma, cabe ao educador estimular o auto conhecimento do aluno, desenvolver neste seus pontenciais levando sempre em consideração o seu mundo e vivências, pois, "assimila o conteúdo somente aquele que constrói e re-constrói seus significados, aplicando o que estudou em situações concretas."

É aqui, no momento do conhecimento, da socialização, da prática em si, que a dança desempenha papel crucial - ao estimular a exploração dos corpos e percorrer o espaço, ao atiçar a imaginação, os sentidos e deixar fluir as emoções - os movimentos da dança ultrapassam o limite físico e motivam e instruem os alunos.

Segundo Evanize, os alunos do Nead ofereceram inicialmente uma resistência à pesquisa, questionando o porquê da dança em suas grades de ensino, afirmando que "não estavam ali para dançar, e sim, para serem alfabetizados." Superado esse bloqueio inicial, foi necessário mostrar aos discentes que a dança que eles conheciam ( dança de salão, forró) não era a única maneira de "se  dançar." Foi assim, superando obstáculos que a pesquisa obteve resultados grandiosos -  uma maior facilidade de memorização, aumento da confiança ao questionar professores e expor suas opiniões, aumento da auto estima e também um avanço da socialização entre alunos. Acompanhe abaixo Evanize descrevendo uma das aulas ministrada por ela e suas estagiárias para os alunos do Nead:





Após um ano trabalhando a dança como um elemento auxiliador no processo de aprendizagem, iniciou-se a segunda etapa, agora não somente como pesquisa, mas também como extensão. (Para Evanize, essa distinção entre pesquisa e extensão não é e nem poderia ser muito nítida na área da Dança, uma vez que todo trabalho de extensão é uma pesquisa de campo.) Agora, a Dança é ensinada aos alunos como uma área de conhecimento, como uma linguagem artística e cultural.

Conheça um pouco mais sobre a Dança no processo de aprendizagem:

    * Dançando na escola - Isabel A. Marques (pdf)
    * O ensino da Dança: reflexões para a construção de uma pedagogia emancipatória (pdf)
    * Dança-Educação: o corpo e o movimento no espaço do conhecimento - Ida Mara Freire

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Avante Mulheres!


Em um país como o Brasil, que de 1996 a 2006 o número de mulheres chefes de família aumentou 79%, e que mais de 45% da população economicamente ativa é feminina, questionar a importância fundamental das mulheres na sociedade e na economia do país é impossível. Mas se pensarmos bem, a maioria das conquistas femininas não é de longa data; o panorama realmente começou a mudar após a década de 1960, com o movimento de Contracultura. Antes de toda a revolução sexual e feminina que aconteceu neste período, as mulheres eram subjugadas e amplamente discriminadas na sociedade, estando sempre com papel secundário.

É sobre o gênero feminino e a posição da mulher no século XIX que a estudante de História, Kalina Fernandes Gonçalves, orientada pela professora Patrícia Souza de Faria, realiza sua pesquisa. O tema é tratado pelo olhar de Flora Tristán, escritora feminista e socialista utópica francesa, e é nesse olhar que a graduanda pretende esmiuçar a forma como eram tratadas as mulheres daquela época, além de apresentar as concepções políticas e sociais da autora.
Flora Tristán, que era filha de mãe francesa e pai peruano, teve um casamento mal sucedido que lhe rendeu um atentado por parte do ex-marido, ficando com duas balas alojadas no peito e dificuldades financeiras. Aos 25 anos, Flora já estava separada e sofria todo o preconceito contra mulheres que optavam por tomar essa decisão.

A autora se diferenciava das outras feministas da época por não fazer parte da classe média, e principalmente pela sua radicalidade em relação a certos assuntos, como o casamento, por exemplo. Considerada por alguns estudiosos uma “escritora operária”, Flora se destacava também por seu engajamento político. A feminista chegou a ter suas idéias defendidas por socialistas científicos de renome, como Karl Marx e Friedrich Engels. Flora escreveu três livros que tiveram maior destaque, pelos quais é possível analisar as lutas femininas no século XIX: Peregrinações de uma Paria, que conta sua viagem e permanência temporária pelo Peru; passeios em Londres, o qual relata sua viagem à capital da Inglaterra; e o seu último livro publicado em vida, o Union Obrera, sua obra mais política.

Este último livro é uma espécie de cartilha, nos moldes do Manifesto Comunista, de Karl Marx, e sintetiza as idéias feministas e socialistas da autora. Defensora dos direitos das mulheres, Flora Tristán queria unir as classes mais subalternas da sociedade do século XIX: as mulheres e o operariado. Nessa perspectiva, passou a participar do movimento operário e a lutar por melhores condições de trabalho.

Nesse contexto, analisar o discurso político e feminista de Flora Tristán permite a comparação dela às outras feministas da época, o que leva a descobrir a especificidade das análises da autora. “Muito a frente de seu tempo”, Flora discutia questões que só começaram a ser levantadas com mais força no século XX, e não obteve a mesma visibilidade e reconhecimento dado as feministas posteriores. Para Kalina, que pretende defender sua monografia sobre o feminismo de Flora Tristán, a história precisa resgatar agentes que não recebiam voz naquele contexto:






Além de apresentar essa importante escritora, a pesquisa pode trazer uma nova história das idéias socialistas, do movimento operário e do feminismo, a partir da construção das idéias de Flora. A análise da autora, o estudo de um caso específico com a intenção de atingir um conhecimento sobre o geral, gênero historiográfico denominado Micro-História, permite uma obtenção de informações acerca de como era constituída a sociedade e os comportamentos no século XIX.

E se as mulheres do século XXI estão ingressadas em uma universidade, por exemplo, deve-se essa conquista a várias mulheres como Flora Tristán, que lutavam para sair da posição inferiorizada que encontravam. E essa luta feminista influenciou diretamente na escolha do tema a ser pesquisado por Kalina:

“É fundamental você admirar o quanto foi importante, você valorizar essas mulheres por lutarem por direitos que hoje nós temos. Se não fossem os longos anos do movimento feminista, desde o século XIX até hoje, boa parte dos nossos direitos não teriam sido conquistados. O fato de ser mulher e pesquisar uma mulher que lutou tanto no século XIX é fundamental até na escolha do tema, é uma coisa de admiração.”

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Balanço do I Fórum de pesquisa do CCH

Você acompanhou nos posts anteriores a cobertura do sobrehumanas no Fórum de pesquisa do CCH. Confira agora um balanço do evento com opiniões da equipe do sobrehumanas e de outros participantes, além dos comentários do reitor da UFV, Luís Cláudio Costa e da analista do CNPq, Sandra Rodrigues Braga que estiveram presentes no evento.





Diálogo e troca de experiências no Fórum de Pesquisa do CCH

Durante o segundo dia do Fórum do CCH foram apresentados os resultados dos Grupos de Trabalho. Os GT's reuniram professores que desenvolvem pesquisas em áreas semelhantes ou relacionadas. Saiba um pouco mais sobre esses grupos na entrevista com a professora Daniela Alves do Departamento de Ciências Sociais da UFV.


quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Oportunidades e Desafios do CCH

O último dia do I Fórum de Pesquisa do CCH contou não apenas com a presença de professores, mas também de vários alunos, principalmente da pós-graduação. Isso porque o tema em discussão foi “Oportunidades e Desafios da Pós-Graduação para o CCH”.

Por meio de uma mesa redonda, os coordenadores dos programas de Pós –Graduação vinculados ao CCH discutiram o tema em questão e aproveitaram para apresentar ao Pró-Reitor de Pesquisa e Graduação da UFV, Prof. Cosme Damião Cruz (que foi o mediador da mesa) as dificuldades enfrentadas pelo Centro de Ciências Humanas.

Um dos pontos mais pertinentes durante o debate foi a sobrecarga sofrida pelos professores do Centro. São poucos docentes para tantas tarefas: ministrar duas, três ou quatro disciplinas por semestre, coordenar pesquisas e orientar pós-graduandos.

Outro ponto em discussão esteve relacionado à quantidade de recursos destinada ao CCH. Este ainda é muito novo quando comparado aos demais centros da UFV. No entanto, segundo o PROF, a avaliação para distribuição da verba baseia-se nos mesmos critérios de avaliação do CCB, CCA e CCE. Assim, o CCH acaba ficando em desvantagem, pois não apresenta os resultados já obtidos pelos outros.

Toda essa discussão girou em torno de um impasse vivido pelos cursos da área de humanas na UFV.
Fato 1: É necessário aumentar o nível dos cursos na CAPES, para que haja mais investimento.
Fato 2: É necessário ter investimento para aumentar o nível na CAPES.
Conclusão: Aparentemente, os desafios estão se apresentando bem maiores que as oportunidades.

O I Fórum do CCH deixa a esperança para professores e alunos de que estas questões serão mais debatidas de agora em diante.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Pesquisa em foco no CCH

A Universidade Federal de Viçosa, instituição de renome na área agrária, realizou pela primeira vez o Fórum de Pesquisa do Centro de Ciências Humanas – CCH. Se a maioria das pessoas já sabe da qualidade e importância das pesquisas em Veterinária e Agronomia, por exemplo, agora é a vez de discutir o que as Humanas vêm desenvolvendo.

Esse foi o foco e objetivo principal do fórum, que reuniu professores, pessoas ligadas aos órgãos de fomento à pesquisa e alunos da instituição. Formado por uma maioria de cursos novos, com pouco tempo de criação, o CCH busca aumentar as pesquisas, sejam elas financiadas ou não, e criar/ consolidar cursos de pós-graduação. A abertura do evento aconteceu na última quinta-feira, às oito da manhã, no auditório da Biblioteca Central.

Participou da cerimônia de abertura compondo a mesa a vice-reitora Nilda de Fátima Ferreira Soares; o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Cosme Damião Cruz; o diretor-presidente da Fundação Arthur Bernardes - Funarbe, Demétrius Davi da Silva e do Chefe do CCH, Walmer Faroni. Nilda Soares falou da pequena participação brasileira na pesquisa mundial, contribuindo com apenas 2%, e ressaltou a necessidade de uma atitude mais agressiva das Ciências Humanas para impor a área no cenário da pesquisa.

“A pós graduação renasce a cada dia”, foi o que Cosme Damião Cruz falou para mostrar a interação entre a pesquisa durante a graduação e os cursos de mestrado e doutorado. Os alunos que participam de pesquisa e gostam da área tendem a se pós-graduar. O pró-reitor acrescentou ainda:

“Esse é um marco histórico para as Ciências Humanas, o dia em que o primeiro fórum de pesquisa é realizado.”

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Balanço Geral do telejornalismo brasileiro


Na semana passada, vocês acompanharam aqui no sobreHumanas, a pesquisa realizada pelo Grupo de pesquisa em Imprensa Popularesca do Curso de Comunicação Social da UFV, sobre as capas dos jornal Meia Hora. Ampliando a linha de pesquisa para o jornalismo produzido na televisão, o estudante Murilo Rodrigues Alves e o professor Ricardo Duarte buscaram compreender e explicitar o novo modo de fazer jornalismo do programa Balanço Geral, da Rede Record.



Até meados da década de 90, nós, brasileiros, estávamos acostumados com um telejornalismo by estilo americano - o nosso Jornal Nacional. Mas, eis que surge, um novo modelo, o chamado jornalismo policialesco, que tem como seu precursor o jornal Aqui Agora, exibido pelo SBT.




Um pouco mais tarde, é a vez do chamado jornalismo popularesco, que é uma derivação branda do jornalismo policialesco. Como exemplo desse novo modelo, tem-se o programa Brasil Urgente, exibido pela Rede Bandeirantes. 




 A pesquisa veio indagar quais características do programa Balanço Geral diferem e quais se assemelham do telejornalismo popularesco e do telejornalismo referencial, e também responder se o jornalismo de Geraldo Luis é um legímtimo novo modo de fazer jornalismo, como o próprio apresentador intitula o programa. 


De acordo com o estudante Murilo Alves, a diferença crucial entre o jornalismo produzido por Geraldo Luis e o Jornal Nacional e o Jornal da Record, por exemplo, é a ênfase que o primeiro deposita no "homem comum", enquanto o sengudo e terceiro preconizam os sujeitos famosos, que aparecem com frequência na mídia. Esses sujeitos são chamados pelo sociólogo Edgar Morin, de "olimpianos" e o "homem comum" seria o "homem ordinário", segundo o escritor Certeau. Embora, esse sujeito ordinário tenha seu espaço midiático, tal fato não signigica que ele tenha um status equivalente ao do sujeito olimpiano, uma vez que o tempo de aparição e o modo como é exposto transforma-o em uma celebridade instantânea. 

Já em relação ao telejornalismo popularesco, a diferença está na dramatização do real. Embora os telejornais popularescos também façam uso dessa técnica - um exemplo é o programa Linha Direta, exibido pela TV Globo - o que diverge  mas  são os atores da dramatização. Enquanto nesses programas são utilizados atores que assemelham-se com os sujeitos da vida real, no Balanço Geral, é o apresentador quem encena, utilizando o cenário do próprio programa. 

Dialogando com a pesquisa sobre as capas do jornal Meia Hora,  encontra-se nos programas popularescos uma "ênfase nas 'pessoas comuns', uma preocupação em exibir fatos reais e uma exploração da vida privada."(ALVES, Murilo. 2008) A preocupação desses novo paradigma televisivo é menos o interesse publico que o interesse do público. O público-alvo tem a sua disposição fatos que poderiam fazer parte das suas vidas, e muitas vezes o fazem. Nesse sentido, a  dramatização do real, transporta o telespectador para o interior da narrativa, a medida que ele vivencia "ao vivo" as emoções do crime, do roubo, do ato, em suma. 


Diante dessas diferenciações, a pesquisa concluiu, que de fato, o Balanço Geral é um autêntico novo modo de fazer jornalismo.


quinta-feira, 1 de outubro de 2009

A realidade da pesquisa no Centro de Ciências Humanas

O primeiro dia de discussões do I Fórum de pesquisa do Centro de Ciências Humanas da UFV mostrou um panorama da produção científica dos departamentos, identificando pontos fracos e fortes.

São dez departamentos que compõem o CCH e obviamente cada um tem suas especificidades. Mas as necessidades e reivindicações são de uma forma geral muito semelhantes.

E os desafios são muitos.

Falta infra-estrutura adequada, incluindo gabinetes para os professores, laboratórios para pesquisa, equipamentos, acervo bibliográfico. Faltam professores suficientes para atender a demanda de pesquisa e ensino ao mesmo tempo. O corpo docente está sobrecarregado de atividades. Falta apoio financeiro da universidade para subsidiar projetos de pesquisa, publicações e participação de eventos importantes para o meio científico.

Ao fim dos relatos, a presidente da Comissão de Pesquisa do Departamento de Letras e Artes, Maria Carmem Aires Gomes, afirmou que as oportunidades da pesquisa no CCH são fruto do esforço dos professores e alunos que em meio há tanta adversidade desenvolvem seu trabalho da melhor maneira possível e trazem como resultado importantes pesquisas, como as que já foram divulgadas neste blog.

As discussões apenas começaram, mas já se pode ter idéia do que o CCH precisa para se desenvolver. Resta saber agora o que será feito para isso.

Ouça agora uma breve entrevista com o diretor do Centro de Ciências Humanas, Walmer Faroni. Ele fala um pouco das medidas que o Centro pretende adotar.






Narrativa na mídia popular é tema de pesquisa no curso de Jornalismo

No último post, falamos da pesquisa desenvolvida no curso de Comunicação Social - Jornalismo da UFV sobre a imprensa popular. No post de hoje apresentamos a primeira edição do nosso podcast. Nosso entrevistado é o professor Ricardo Duarte. Ele conta um pouco mais sobre seu grupo de pesquisa.