sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Balanço Geral do telejornalismo brasileiro


Na semana passada, vocês acompanharam aqui no sobreHumanas, a pesquisa realizada pelo Grupo de pesquisa em Imprensa Popularesca do Curso de Comunicação Social da UFV, sobre as capas dos jornal Meia Hora. Ampliando a linha de pesquisa para o jornalismo produzido na televisão, o estudante Murilo Rodrigues Alves e o professor Ricardo Duarte buscaram compreender e explicitar o novo modo de fazer jornalismo do programa Balanço Geral, da Rede Record.



Até meados da década de 90, nós, brasileiros, estávamos acostumados com um telejornalismo by estilo americano - o nosso Jornal Nacional. Mas, eis que surge, um novo modelo, o chamado jornalismo policialesco, que tem como seu precursor o jornal Aqui Agora, exibido pelo SBT.




Um pouco mais tarde, é a vez do chamado jornalismo popularesco, que é uma derivação branda do jornalismo policialesco. Como exemplo desse novo modelo, tem-se o programa Brasil Urgente, exibido pela Rede Bandeirantes. 




 A pesquisa veio indagar quais características do programa Balanço Geral diferem e quais se assemelham do telejornalismo popularesco e do telejornalismo referencial, e também responder se o jornalismo de Geraldo Luis é um legímtimo novo modo de fazer jornalismo, como o próprio apresentador intitula o programa. 


De acordo com o estudante Murilo Alves, a diferença crucial entre o jornalismo produzido por Geraldo Luis e o Jornal Nacional e o Jornal da Record, por exemplo, é a ênfase que o primeiro deposita no "homem comum", enquanto o sengudo e terceiro preconizam os sujeitos famosos, que aparecem com frequência na mídia. Esses sujeitos são chamados pelo sociólogo Edgar Morin, de "olimpianos" e o "homem comum" seria o "homem ordinário", segundo o escritor Certeau. Embora, esse sujeito ordinário tenha seu espaço midiático, tal fato não signigica que ele tenha um status equivalente ao do sujeito olimpiano, uma vez que o tempo de aparição e o modo como é exposto transforma-o em uma celebridade instantânea. 

Já em relação ao telejornalismo popularesco, a diferença está na dramatização do real. Embora os telejornais popularescos também façam uso dessa técnica - um exemplo é o programa Linha Direta, exibido pela TV Globo - o que diverge  mas  são os atores da dramatização. Enquanto nesses programas são utilizados atores que assemelham-se com os sujeitos da vida real, no Balanço Geral, é o apresentador quem encena, utilizando o cenário do próprio programa. 

Dialogando com a pesquisa sobre as capas do jornal Meia Hora,  encontra-se nos programas popularescos uma "ênfase nas 'pessoas comuns', uma preocupação em exibir fatos reais e uma exploração da vida privada."(ALVES, Murilo. 2008) A preocupação desses novo paradigma televisivo é menos o interesse publico que o interesse do público. O público-alvo tem a sua disposição fatos que poderiam fazer parte das suas vidas, e muitas vezes o fazem. Nesse sentido, a  dramatização do real, transporta o telespectador para o interior da narrativa, a medida que ele vivencia "ao vivo" as emoções do crime, do roubo, do ato, em suma. 


Diante dessas diferenciações, a pesquisa concluiu, que de fato, o Balanço Geral é um autêntico novo modo de fazer jornalismo.


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